Arteterapia e Artesanato
O artigo arteterapia como Recurso Eficaz no Ambiente Escolar, escrito pela Psicopedagoga Joana Maria Rodrigues Di Santo, tem sido bastante comentado pelos usuários do site que, na maioria da vezes, agradecem o auxílio que o mesmo representa em suas atividades profissionais e em seus trabalhos de pesquisa e monografias, solicitando maiores esclarecimentos sobre o tema.
Os produtores do programa Ateliê na TV, da Rede Mulher, também localizaram o artigo e ficaram entusiasmados com o tema, convidando sua autora a participar de uma entrevista, que foi ao ar no dia 16/03/2005, às 16h30, quando nossa diretora pôde explicar aos telespectadores o que é arteterapia e os benefícios do ato criativo, entre outras questões referentes à prática do artesanato.
Conheça os principais assuntos tratados:
arteterapia consiste na utilização da Arte como forma de expressão, consciente e inconsciente, do sujeito. Através da arteterapia a subjetividade do sujeito se manifesta, possibilitando fazer pensáveis os conteúdos trabalhados.
Nossos sentimentos e emoções, pensamentos e esperanças, sonhos e desejos podem se revelar com muito mais facilidade através de imagens do que através de palavras para diversas pessoas, pois cada um de nós tem uma modalidade de aprendizagem. A modalidade de aprendizagem é como um idioma que cada um utiliza para entender os outros e fazer-se entender por eles.(1) E essas imagens serão interpretadas juntamente com o terapeuta, que auxilia o sujeito nesse processo de autoconhecimento e mobilização de recursos internos.
Assim, a arteterapia lança mão de recursos artísticos em contextos terapêuticos (de tratamento) ou profiláticos, de prevenção de questões diversas, que variam desde estresse e depressão até inibição e dificuldades de aprendizagem.
O arte terapeuta trabalha com o sujeito individualmente, ou com grupos, desenvolvendo práticas, dinâmicas, vivências que valorizam a Arte em todas as suas manifestações: pintura, escultura, música, desenho, teatro, poesia... Ao realizarmos uma atividade artística, não só interferimos na realidade, como também desenvolvemos competências pessoais que aprimoram a performance, o desempenho da pessoa, o que estabelecerá formas de comunicação entre o real e o imaginário, entre o pragmático e o sensível, transformando o ato criativo em expressão produtiva. Dessa forma, as pessoas aprendem a construir espaços de autoria; reconhecem-se como autores e desfrutam o prazer de criar, valorizando a invenção de coisas originais e não a mera repetição estereotipada; acrescentando detalhes específicos, comprovadores de que o criar nos faz humanos e nos leva a sair da lógica dual: melhor ou pior.(2) O sujeito artista/artesão aprende a relativizar; a perceber sua obra com diferentes matizes e cada uma com sua beleza única.
As atividades desenvolvidas no processo de arteterapia permitem trabalhar, entre outras, a auto-imagem, a percepção da transformação, a superação de obstáculos, a estimulação da desinibição, que conduzem a uma sensação de integração com o mundo, instigando à resolução de conflitos pessoais. Conseqüentemente, ocorre um aperfeiçoamento na forma de comunicação do sujeito, consigo mesmo e com os grupos com que interage: família, escola, lazer... incentivando o desenvolvimento harmônico da personalidade; a construção de um ambiente saudável, com espaços de autoria que permitem ressituar-se diante do passado.
O ato criativo se faz presente também no artesanato, onde a manipulação de materiais leva à necessidade de representação, à necessidade de produzir uma obra pessoal, característica.
A criatividade está ligada à atividade artística e o artesão pode escolher e experimentar os materiais e as técnicas que melhor atendam às suas propostas de produção. O artesão vai vivenciar o processo criativo com todas as belezas e angústias que o envolvem.
O artesanato pode ser entendido como oportunidade para a pessoa se expressar e descobrir as próprias aptidões; oportunidade de autoconhecimento e valorização das manifestações artísticas. Com o artesanato, a pessoa desenvolve habilidades com as mãos e, principalmente, com o cérebro, dando lugar à criatividade através de diversos materiais, técnicas e procedimentos. O artesão vai criar, aproximando idéias e materialidade. Vai dar forma, vai dar vida à sua idéia e, com isto, está exercitando a mente, prevenindo problemas com a memória, principalmente no caso de indivíduos da melhor idade, além de relacionar-se com pessoas com as quais tem afinidade, tem interesses comuns, o que melhora, inclusive, o humor, afastando o isolamento. Pode, ainda, transformar esse hobby em atividade que lhe traga remuneração, pois os produtos artesanais têm excelente aceitação no mercado. Basta nos lembrarmos dos artesanatos regionais, por exemplo, o das rendeiras do Nordeste, que mantêm a casa e a família com seus produtos artesanais, que têm sido exportados com excelentes resultados.
Os benefícios de se dedicar ao artesanato no dia-a-dia atingem praticamente todas as pessoas interessadas, uma vez que o trabalho manual gera introspecção, concentração e reflexão. Enquanto desenvolvem um trabalho manual, as pessoas ficam calmas, atentas, com os olhos focados em sua produção, acompanhando criteriosamente o resultado de cada passo realizado. Durante esse processo sentem-se importantes, capazes e amadurecem, convivendo melhor consigo mesmas e com o grupo.
Referências Bibliográficas
Fernández, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.